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Foto do escritorMaria Cirlene Cordioli

CAMINHO DAS ENCOSTAS – SERRA FURADA – GRÃO PARÁ

Atualizado: 9 de mai.



Período: 24 a 26 de novembro de 2023


A ACACSC é freguesa das encostas da Serra Catarinense – Serra geral.

Evento lançado é garantia de vagas preenchidas. Quem já conhece, participou de eventos promovidos pela ACACSC nas pirâmides sagradas ou fez o caminho completo das encostas, quer voltar a rever aquela paisagem maravilhosa, onde a natureza foi generosa, dotando nossa Serra e encostas de muita beleza, que hoje representa um grande atrativo aqueles que apreciam a natureza e toda a gama de recantos, penhascos, canyons, cachoeiras, rios e uma rica história do seu desbravamento.

Caminhar nas encostas da Serra que fazem parte de dois parques, parque nacional de São Joaquim e parque estadual da Serra furada, nos oportuniza um contato direto com a natureza no mais instigante contexto. De um lado a cadeia de montanhas, por quilômetros coberta de mata Atlântica, no outro lado vales que se apresentam com pequenas fazendas, com gado ou agricultura que despertam em nós a adoração por uma vida simples, são estes belos encantos do nosso Estado. Escolhemos esta região para que ACACSC oportunize a seus associados conhecerem e explorarem tão bela e rica região.

Nossas encostas da Serra tem rota já bem definida, oferecem aos caminhantes, ciclistas motoqueiros boas opções para exercitar atividades diversas. A serra catarinense corta nosso estado. Planalto e litoral literalmente, caminhando pelas encostas e contemplando suas

montanhas. Imaginamos que há poucos quilômetros e principalmente metros de altitude podem chegar a 1800 ms, teríamos completamente diferenciada: extensos campos, araucárias e um litoral de rara beleza.

Vale contar um pouco de como foi a história de seu desbravamento que isentos do juízo de, hoje busca alternativas para explorar de forma sustentável, sem agredir a natureza.

Os índios Xokleng eram os habitantes dessa região. Viviam com fortuna de alimentos, principalmente caça e colheita de mel e pinhão. Os Xokleng, são muito antigos.


Com a chegada dos colonizadores, os indígenas tiveram o seu espaço reduzido a reservas e o mais triste suas vidas foram dizimadas. Numa sequência paralela a região foi sendo desbravada explorada pelos tropeiros, que desciam a serra por trilhas com gados, suínos, queijo, charque, pinhão e diversos alimentos para abastecer as populações litorâneas em troca de sal, tecidos, utensílios domésticos e etc.

Numa sequência mais devastadora foram os madeireiros, uma exploração sem controle, que em poucos anos acabaram com toda a floresta, madeiras de lei existentes nas nossas encostas.

Além das madeiras, nossa fauna também desapareceu. Os colonizadores, incentivados ainda na época do império foram os que chegaram para estabelecer moradia e devolver a agricultura.

Nossas encostas são habitadas por várias etnias, sendo as principais: italianas, alemães e polacas. Menos significativas são os açorianos que se estabeleceram mais no litoral, assim como os negros.

Estas breves considerações sobre o desbravamento da região nos leva a viajar no túnel do tempo, não tão remoto assim, voltando ao nosso evento, caminhar nas encostas da Serra catarinense.

Lançado o edital foi surpreendente o interesse, pois em poucos dias as vagas foram preenchidas.

A motivação aflorou ainda mais na ACACSC, nossos associados são muito sensíveis com a natureza.

Com a logística montada, recorremos a guias locais para sugerir as

melhores opções e as mais típicas e acolhedoras da região no dia 24/11, às

13 horas, respeitando a pontualidade britânica todos os inscritos estavam

a postos. O grupo começou bem, pontuais, alegres, cheio de energia e com

grande expectativa no que vivenciariam. A viagem foi tranquila, parada para o café, lanchamos no engenho e fomos direto a Orleans, no hotel Nob.

Instalados fomos a Braço do Norte, visita programada a igreja matriz Nosso Senhor do Bonfim idealizada por arquitetos e um padre. Foi construída em 1940. Com grande número de afrescos que reportam a tendência Europeia, imagens sacras e um painel que resgata a trajetória dos colonizadores.

Fizemos nosso momento, agradecendo e pedindo proteção. Todos muito compenetrados.

Saímos caminhando, observando alguns detalhes na praça, fomos até o restaurante que nos aguardava para um jantar exclusivo e previamente agendado, estava ótimo!

Os papéis entre os participantes começaram a emergir. Os fotógrafos, os etílicos com seus vinhos e cervejas, os piadistas, enfim todos teriam oportunidade e liberdade para expressarem seus dotes e desejos. Gentilmente o café da manhã nos foi disponibilizado às 6 horas, o que nos daria um bom ganho de horário para caminhar guiados pelo nosso

guia. De Orleans até a Serra Furada, são cerca de 50 km. Saímos pontualmente 6:45 e 8 horas estávamos na base da Serra Furada. Fizemos um breve ritual e deixamos a ordem do dia ao encargo do nosso guia expert na Serra Furada e seus atrativos. Seriam 11 Km até Aiurê.

Sairíamos por uma trilha. Para começar pela ponte pênsil, alguns manifestaram um certo medo porém ninguém se intimidou. A seguir um belo morro que possibilitou a visão de todo vale com um rio que nos oferecia sua doce melodia.

Tomamos estrada rural e fomos muitas pequenas fazendas com seu gado leiteiro, ovelhas e plantações. O que chamou atenção, foi o plantio de fumo ainda bem significativo na região. Estávamos agora com 46 caminhantes mais o guia. Pequenos grupos vão se formando por conta dos ritmos de cada um, porém não se distanciaram muito, permanecendo o grupo coeso e harmônico.

Poucos foram um pouco mais lento, porém acompanhá-los significou muito aprendizado. Quanta sabedoria! Também o exercício da paciência foi praticado prazerosamente.

Do alto do morro avistamos Aiurê, comunidade, distrito de Grão Pará. Datada de 1910 e com a sua igreja em 1925, agora por todas as etapas de desenvolvimento: índios, tropeiros, madeireiras e colonizadores imigrantes.


Aiurê está situada aos pés da Serra do Corvo Branco, nome indígena que se reporta a uma indiazinha, significa “amanhecer”, “aurora”, “despertar”. Uma história de índios e brancos.

Final da trilha o ônibus nos aguardava para pousada do Rio túnel, onde almoçaríamos já na base da Serra do Corvo Branco. O Rio túnel é uma das pontes mais bonitas de Grão Pará. Fomos muito bem recebidos nos disponibilizaram banheiros e toda a estrutura doméstica. O cheiro de comida boa, linda de belo fogão a lenha aguçou a fome.

Almoço servido sobre o fogão foi um nostálgico momento de retorno uma vida simples que faz parte dos moradores da região. O retorno a Orleans, jantando por Grão Pará, bem no centro do município um estrondo ocorreu, o ônibus quebrou!

No primeiro momento o susto, “o que fazer?”.

Logo um anjo da guarda se apresentou para ajudar. Procuramos acalmar nosso motorista nervoso e buscarmos uma solução. Os caminhantes tiveram um comportamento tranquilo, sem alarmes e confiaram no processo.

Enquanto o motorista acionava a empresa, nós procuramos junto há um grupo de rapazes uma solução que o município poderia oferecer. Já estávamos praticamente acertando com um ônibus até que o vice-prefeito veio prestar ajuda e solidariedade, quando a empresa de ônibus apresentou solução quase de imediato. A surpresa na rápida prestação de socorro foi de grande alegria.

Em uma hora uma van já estava no local para transportar os caminhantes até o hotel. Foram necessárias duas viagens e sem atropelos, todos foram atendidos.

Aprendizagem foi surpreendente assim como a solidariedade e a paciência de todos. Parabéns amigos caminhantes!

Nosso motorista, já tranquilo permaneceu junto ao ônibus, pois a empresa já havia providenciado e estava a caminho um ônibus substituto.

Tivemos que cancelar a visita a cachaçaria, ficou para a próxima. Todos no hotel, uns mais tranquilos outros mais agitados, mas ainda mantivemos o horário da choperia. Metade foi festejar e os demais permaneceram no hotel que oferecia jantar e toda espécie de bebidas. Ambos os grupos tiveram seu momento de lazer, descontração, brindes e boas risadas. No terceiro dia a caminhada mais curta, possibilitou um café maravilhoso e mais tranquilo. Bagagens no ônibus e foto oficial, seguimos para Grão Pará, cuja entrada no braço esquerdo nos levaria caminhando até a Estrada das Pitaya, uma estrada rural e permitia visões lindas das nossas encostas da Serra. O sol escaldante dava mais luminosidade a paisagem.

Com ritual pela manhã nos reportamos as virtudes e valores como companheirismo, solidariedade e gratidão por tudo que estávamos vivendo.

Num grande círculo, foi feito uma mandala pelos cajados no centro formando um grupo coeso, com a certeza de muita união, harmonia e compartilhamento nos momentos lindos e difíceis. Foi pura emoção!

A caminhada, cada um no seu ritmo foi muito tranquila, contemplamos com muitas fotos e brincadeiras, até que chegamos ao restaurante do Caminho das Pitayas, todos juntos.

Em meio de uma natureza maravilhosa os proprietários ofereceram um almoço bem típico. Também disponibilizaram a venda de produtos derivados da fruta. É um encanto de lugar!

Todos descansados, compras feitas e foto batidas, pagamos as contas com gosto de saudade, é hora de ir embora.

A volta foi tranquila, sem movimento na estrada, por volta de 18 horas já estávamos de volta a nossa ilha da magia. Na mochila muita gratidão e todos que conosco compartilharam dessa experiência de aventura.


– ACACSC

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