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Foto do escritorSomos Amigos do Caminho

CAMINHADA PELA ESTRADA DA SERRA DA GARGANTA

Atualizado: 19 de mai.

De Rio Novo no município de Águas Mornas à Rio Pinheiro, em Anitápolis foram 19,9 Km percorridos por passos de velhos e novos peregrinos que gostam de descortinar novas paragens. A estrada de chão batido e pedras cobertas, por vezes, por uma vegetação rasteira, que faz deslizar, recebe também os amantes de bike e do motociclismo com as suas barulhentas máquinas. O trajeto propõe sem pretensão a reflexão sobre o trecho percorrido. Perguntas, provavelmente vem à mente dos participantes naquele momento. Que lugar é este que esconde um pedacinho da história militar brasileira, pouco conhecida dos catarinenses?

Lugar lindo! Agrega a sua paisagem sítios com açudes, animais que embelezam a natureza, as solitárias araucárias imponentes respingadas na vegetação. As parreiras de chuchu também compõem e enfeitam cercas tradicionais de arame.  A cada passo uma surpresa antes de chegar a primeira parada, onde homens da força legalista catarinense sucumbiram à própria sorte. Também é possível se deparar numa das curvas da estrada com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, colocada no alto de uma pedra, sobre um veio d’água. Aliás, é comum nos caminhos e trilhas catarinense a colocação de imagens como pagamento de promessa (ex-votos na linguagem popular do imigrante europeu).

Essa estrada revela algo esquecido por anos e a devoção a santos padroeiros. Estar ali é refletir sobre a nossa história. Importante lembrar que se caminha por uma estrada construída no início do século XX, que se constituiu numa alternativa de ligação entre o planalto e Tubarão, palco em 16 de outubro de 1930 do combate entre as tropas legalistas catarinenses e os rebeldes que subiram a serra, após ser deflagrada em Porto Alegre a Revolução. Organizados em três colunas esses homens embrenharam-se no Estado. Uma delas seguiu pelo centro do território catarinense, pelos trilhos da estrada de ferro São Paulo­ Rio Grande, em direção a Porto União e São Paulo. De Porto União um grupo juntou-se a paranaenses e catarinenses para tomar Joinville.  E a outra coluna ingressa pelo Planalto para tomar Lages, Rio do Sul, cuja finalidade era a de abrir caminho e atingir Florianópolis, comandada pelo general Ptolomeu Assis Brasil.

Com essa atitude estratégica acreditavam os legalistas ser a Serra da Garganta o ponto mais importante para frear a passagem dos rebeldes. No entanto, foram surpreendidos após instalados e, do combate, sucumbiram sete homens cujo os corpos foram enterrados à beira da estrada em cova rasa e são lembrados pela população local, através de uma cruz de madeira e uma placa indicativa do ocorrido. As cruzes existentes desapareceram. Apenas a memória permanece, entre a gente do lugar e, de alguns poucos escritos perdidos na historiografia catarinense.

O caminho não é só caminhada, é também de encontros com a comunidade local, onde num gesto afetivo com o lugar, o Presidente da nossa Associação, repassou ao Chefe do Executivo local o livro “Tombadas e Esquecidos”, de autoria de Valmir Lemos. Na sequência agradece o guia local e ao grupo de paroquianos, que se dispuseram numa tarde de sábado, preparar um café da colônia.



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