Viagem à Morretes
- Sônia Regina Coutinho
- 2 de abr.
- 4 min de leitura

Sexta-feira, dia 28/3, saímos de Florianópolis para Curitiba, em mais uma aventura com a Associação Catarinense dos Amigos de Santiago de Compostela - ACASC, desta vez em parceria com os Curitigrinos. Nosso destino final seria a cidade de Morretes.
Na noite de sexta-feira, chegamos ao Centro Cultural Espanhol, onde fomos recepcionados com tortilhas, churros e sangria, conforme previsto na programação. Houve alguma demora no atendimento, mas é um local cultural cuidado por voluntários(as). Como a nossa proposta é lazer em comunidade, tudo vira uma festa e buscamos ter o melhor olhar para o que surge, principalmente quando as pessoas doam seus tempos livres para receber e ajudar os outros.
Ao final daquela noite fomos brindados com uma apresentação de dança espanhola, de um grupo de crianças, que explorava o som das castanholas e, outro, de adolescentes, mais propriamente demonstrando passos da dança flamenca. Saímos dali felizes e contentes cheios de grande expectativa para o dia seguinte que teria o tradicional passeio de trem pela Serra, rumo à Morretes.
Dormimos, bem acomodados no hotel e, amanhecemos bem descansados. Claro que não poderíamos imaginar o que o dia seguinte nos reservava.
O sábado foi intenso em adversidades, talvez bem diferentes dos contratempos que experimentamos usualmente nos eventos promovidos pela Associação.
Chegamos na Estação Ferroviária, que foi construída em 1880 para ligar Curitiba à cidade de Paranaguá e, nos acomodamos nas poltronas do vagão. Para nossa surpresa, veio o comunicado que iria haver um atraso porque o sistema de controle dos trens estava com problemas. A espera que poderia durar de uns 15 a 20 minutos, levou nada mais, nada menos, do que 3 horas. Àquelas alturas, nós já tínhamos ido comprar lanche, água, cerveja e o que cada um apreciava, para sanar a fome que surgiu, já que estava chegando a hora do almoço e também tentávamos nos distrair para minimizar a espera. Em torno das 11h45, o trem partiu!
Ao longo do percurso, Ana, a guia turística, dava informações e falava sobre os rios e os vales da região: a cadeia de montanhas da Serra Marumbi. A viagem acontece em meio a exuberância da Mata Atlântica local, provocando um grande desfrute ao observar a coroa da montanha abrir e fechar pelo movimento natural das nuvens que a envolvem. Mais ao longe, após uma das curvas, ela chamou a atenção para uma ponte antiga de ferro, que foi construída para a travessia do rio São João, na Serra do Mar, no Paraná.
Quando achávamos que chegaríamos a tempo de dar uma volta na feirinha local, caminhar no centrinho e poder caminhar mais 5 km até a pousada, como estava programado, o trem fez uma nova parada.
As informações iniciais foram incompletas. Ana passou a informação que algum trilheiro havia se machucado na montanha e o trem precisou parar, por aproximadamente 1 hora, para que o serviço de assistência pudesse ter acesso. Mais tarde, já em Morretes, viemos a saber que o trilheiro havia falecido e foi resgatado por um helicóptero.
Fomos para a pousada programada para aquela noite, um bocado frustrados com toda a alteração que houve durante aquele dia. Alguns ainda tentaram fazer uma refeição completa, outros preferiram um lanche com pastel e alguma bebida, antes do jantar na pousada.
Como acontece quando se trata de pousadas, por terem uma proposta mais colonial, os chalés não agradaram a todos os participantes. Mas o jantar foi muito bom e a equipe organizadora, que sempre prima por fazer o melhor em prol do grupo, manteve a sua linha de ação providenciando duas tortas para, mais uma vez, celebrar o aniversário da Zelinha, Silvana e outros aniversariantes curitigrinos do mês de março, regado a espumantes.
Depois disso, chegou a hora do merecido descanso para todos.
Domingo, acordamos renovados e desfrutamos de um delicioso café da manhã. Saímos para uma bela caminhada de 2 horas, que nos levou até uma ruína ao longo do trilho de trem, de onde retornamos. Ainda teve um breve espaço de tempo para mergulhar na piscina.
Em torno das 12:30 horas, saímos da pousada para o restaurante, onde supostamente estava feita a reserva para as 52 pessoas. Na verdade, a reserva era para a véspera, mas como tivemos a situação do trem, a equipe pediu a transferência para o domingo. As surpresas continuavam: o restaurante estava lotado e não havia condições de atendimento ali, naquele estabelecimento.
Fomos encaminhados para um outro restaurante nas imediações. O serviço foi excelente: desde as entradas, o barreado, até o filé de peixe ao molho de camarão e os camarões à milanesa.
Terminada a refeição, fomos para o ônibus uma hora antes do previsto, e achávamos com isso que estaríamos antecipando o horário da chegada em casa. Só que não! O trânsito bloqueado naquele trecho prolongou a nossa viagem de retorno por, pelo menos, 3 horas.
Mas, o que normalmente é bem-estar e partilhas felizes tornou este fim de semana um momento de reflexão quanto às ilusões que temos sobre o controle das coisas acontecerem de acordo com a programação. Além de lidarmos com a informação que estivemos tão próximos de alguém como nós, que perdeu a vida talvez praticando uma atividade que também é nosso lazer.
Tudo o que nos resta é agradecer a este grupo, assim como a outros que pertencemos, pela oportunidade de trocas e rodas de conversas; assim como agradecer pela riqueza da vida, que nos proporciona tantas oportunidades para percebermos o sentido da unidade, o prazer de estarmos juntos!
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